Certas coisas acontecem e são esquecidas; outras persistem. De tudo a minha volta, percebo que a maior parte me ultrapassa, outras, à semelhança de um cometa, passam e desaparecem. Cometi certas falácias, deixei óbvio o que era certo; mas no fundo minha incapacidade de expressão é só um sintoma, uma moldura. Por trás de toda a terra arrasada, faço-me poeta; um poeta anunciador, um poeta do desprezo, um poeta que não entende os próprios versos. A cada novo pensamento, ou um olhar que fulmina, procuro escrever o que me atinge em cheio. Como sou alvo fácil, qualquer silhueta que se anuncie aos meus sentidos capturam meu maior fracasso. Quando me despeço não deixo palavras de adeus, isso seria um crime; cantar e sorrir sobre a face de despedida. Então procuro ser breve, breve como um cometa; e exorto todos a passarem de chofre sobre minha avenida interior.
Cometas são todos aqueles que valeram à pena e passaram; alguns foram guardados na memória, outros viraram sensação. Cometas explosivos, raivosos; cometas cintilantes, belos, multifários, anelosos; cometas de todos os tipos e gostos; cometas que orbitam esta vastidão exterior; todos estes cometas cometem o delíquio de me fazer refletir sobre aquilo que sempre irá permanecer.
Por mais que os meus planetas sejam muito próximos, afetuosos, importantes; alguns deles tão fundamentais que dedico mil vidas para preservá-los; sempre haverá aquele pequeno astro que irá deslizar naquilo que é meu e por algum tempo, talvez segundos, me marcará em algum nível de profundidade.
Sem meus planetas não existiria, mas se de tempos em tempos não passasse um cometa sobre meus olhos, o quão tediosos seria existir?
De cometa em cometa construímos os sub-enredos da nossa história.
FG
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