Neste momento de pausa, vazio; já não sei quais rumos tomar. A juventude me escape pelos olhos. Minha meta de artista fracassa, meu semblante se alegra. Alegria tola, de quem nada fez. As mulheres passam pelo meu túmulo. Todas elas já não sabem chorar. Amigos carrego na alma, e cada um deles é um pedacinho de memória recriada em absurdos. Sozinho em meu sepulcro não sinto, apenas debocho. Debocho daquilo que não sou, daquilo que nunca serei. Parcimonioso, espero um momento de iluminação. Se ele não vier, paciência; a pecha de inquilino de uma vida que sempre me aprisiona é algo que preciso suportar. Em abandono, não me exaspero, não reclamo qualquer incômodo; absorvo até mesmo o menor prazer, o mais vulgar, o que não existe; somente para dizer a todos que caminhei por um mundo invisível, prosaico, sem qualidades, mesquinho. Nesta caminhada tirei algumas lições. Se aprendi com alguma delas, ainda não sei; o que posso dizer não reverbera, está enclausurado sobre as paredes da solidão. E se querem me oferecer conforto, por favor, se abstenham. Flores sobre minha cúpula de morte não resistem aos dias de sol, padecem na chuva, riem em lágrimas plangentes. Os muros de minha sorrelfa não cantam mais, tampouco fazem sombra. Fui dispensado pelo meu próprio esgar.
FG
FG
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