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Carta de Despedida







Sentir? Sinta quem lê!
Fernando Pessoa

Quando alguém ler estas palavras já estarei morto. Não foi por impulso, refleti muito, ao tomar esta decisão; percebi que o melhor não seria viver, mas desistir. Venho, através desta carta, me despedir de algumas pessoas; tenho, antes de tudo, a responsabilidade de amenizar a dor, causada por esta autônoma escolha, que infelizmente afligirá quem não a merece. Cansei de ser covarde, ao menos nesta derradeira atitude assumirei a postura obstinada e corajosa dos homens de fibra; não será por medo e nem por desesperança do futuro que abdicarei da existência, são razões bem mais simplórias que me autorizaram a colocar em prática resoluta solução; na verdade, talvez não exista razão alguma, esta será uma decisão como qualquer outra, e, portanto, será oriunda da mais depurada liberdade de meu espírito. Não quero responsabilizar ninguém, pois apenas eu, sem nenhuma influência exterior, escolhi por um ponto final nesta frase mal escrita que chamamos vida. Provavelmente não fui feliz, mas também não cheguei a ser infeliz, eu diria que apenas fui e ainda sou, nestes meus últimos instante, alguma coisa sem qualificações ou adjetivos; tudo que senti foi por períodos efêmeros, e o que não senti não posso julgar, sendo assim, guardo poucas mágoas, talvez nenhuma. Tenho o coração vazio; tristeza, ódio, raiva, angústia ou qualquer outro sentimento que por ventura pudesse esclarecer esta atitude supostamente insidiosa, não habitam meu interior, pois, caso sentisse alguma coisa, de maneira alguma desistiria de tudo. Abandono a vida porque não tenho mais nada a viver.

Bem, antes de iniciar minhas despedidas, contarei, sucintamente, como darei cabo de minha existência. A duas semanas atrás, adquiri com bastante facilidade duas cartelas de Fluoxetina, um remédio bem popular ministrado em quadros de depressão aguda; para tanto, furtei o receituário e o carimbo com os dados do CRM de minha irmã, falsifiquei com facilidade sua assinatura, e não tive, dias depois, o menor problema ao apresentar a receita forjada à farmácia. Pretendo ingerir 30 cápsulas da droga, me disseram que apenas dez seriam suficientes para matar um adulto, mas quero evitar riscos; seria vergonhoso e ridículo fracassar no próprio suicídio. Por volta de seis da manhã deste início de quinta-feira, irei tomar os comprimidos, devo morrer, então, às seis e quinze; no entanto, meu corpo só deve ser achado na segunda-feira de tarde quando minha irmã voltar do trabalho, já que passarei, como de praxe, o final desta semana sozinho; se por acaso alguém ler esta mensagem antes, o que é improvável, aconselho: não faça nada, para que se preocupar com um cadáver, acho que quatro dias e meio de decomposição, com as portas e janelas fechadas, não são suficientes para incomodar olfativamente meus vizinhos. Outra importante observação, a perícia constatará elevado índice alcoólico em meu sangue; neste momento estou bebendo whisky da melhor qualidade, passei no mercado e comprei uma caríssima garrafa de Black Label, meu último porre tinha que ser com estilo; mas, por favor, não estou enchendo a cara pra ciar coragem, pelo contrário, queria apenas um derradeiro prazer.

Agora irei informar alguns desejos post mortem; meu velório deverá ser curto e informal, de preferência na casa de minha avó; meu caixão deve ser simples sem qualquer símbolo religioso, e, igualmente, meu túmulo não deve ser enfeitado com crucifixos, flores, ou retratos, nem, tampouco, deve conter inscrições de caráter místico. Voltando ao velório, caso insistam em colocar aquelas fúnebres canções que criam um contorno lôbrego e desagradável a um ambiente que já é, em demasia, opressor e melancólico, espero que tais canções sejam de grandes compositores, Chopin e Debussy são perfeitos; de maneira alguma deixem tocar canções religiosas e muito menos evangélicas, me sentiria, caso isto aconteça, ofendido. Estranho, para alguém que dificilmente se ofende, ofender-se depois de morto; grande ironia.

Mãe você será a primeira a receber meu adeus, seria injusto começar minhas despedidas por outra pessoa. Não quero que sofra, e, por favor, entenda; não se culpe, você fez tudo por mim, toda sua atenção, seu carinho, seus exemplos de caráter e bom comportamento foram essenciais para minha formação humana, tenho certeza que as minhas qualidades estão vinculadas à sua dedicação, seja através de seu papel renitente de educadora, de suas demonstrações de apurada sensibilidade intelectual, e, também, de seu gênio fora do comum, que, ao se amoldar às situações mais obtusas, tentava, com afinco, amenizar brigas e quizílias desproporcionais e insignificantes. Te agradeço, talvez sem você meu caminho em vida fosse insuportavelmente ignominioso, mas graças às suas palavras acalentadoras percebi a pureza do espírito humano, hoje sei que junto à toda brutalidade e ignorância há sempre diversas características nobres; o erro, quando acontece, não é por mera vileza, sempre haverá, mesmo no ato mais pernicioso, uma motivação com contornos dignificantes. Sei que a decepcionei em várias ocasiões, peço desculpas, se pudesse voltar atrás tentaria ser mais melindroso em algumas atitudes, evitaria discursar bobagens ofensivas e tentaria, ao seu modo, ser compreensível nos momentos de exasperação dos ânimos. No entanto, nunca compreendi a vida como uma forma de sacrifício, tento entender os que são exortados, assim como a senhora, a um servilismo sobre humano; ainda não descobri se esta peculiar característica é uma qualidade ou um defeito, muito embora reconheça o imenso altruísmo e abnegação que este específico proceder humano exige. Sei que você se sacrificou não apenas como esposa, mas, sobretudo, como mãe, e que seria meu dever retribuir tamanho esforço, contudo, como já dito, não sou adepto desta abdicação da liberdade, sendo assim, viver apenas em função de uma obrigatoriedade familiar, com o único objetivo de evitar ao máximo o sofrimento alheio, seria o mesmo que desrespeitar minha própria concepção de mundo; o sacrifício, sem qualquer motivação personalíssima, é insuficiente para cercear minhas escolhas. Não pense que com estas palavras estou sendo egoísta, de maneira alguma, eu só não acho, independente de qualquer situação, correto se colocar abaixo dos outros; ao pesar nossas atitudes temos que avaliar, em um mesmo patamar de igualdade, todos os envolvidos, inclusive nós mesmos. Mas não posso deixar de dizer que a amo muito, e que desejo que o sofrimento, advindo de minha morte, seja amenizado com futuras alegrias; espero, com a força de meus últimos pensamentos, que tenha um resto de vida feliz, exija e lute pela felicidade, você, mais do que qualquer um, a merece.

Pai será difícil escrever ao senhor; mesmo agora, sentido a morte tocar meus cabelos, não sei por onde começar. Peço desculpas pelas verdades e pelas mentirar ditas em nossas inumeráveis brigas; hoje, apesar de continuar discordando de muitas atitudes suas, te entendo e te respeito como homem; sei que as pessoas pensam diferente, cada um possui uma visão singular de mundo; temos, portanto, o dever de adaptação a estas particularidades alheias. Espero que com minha morte você possa ser mais compreensível com seu filhos, e, principalmente, com sua esposa; saiba que vivemos em um novo mundo, as mulheres se emanciparam, não cabe mais ao chefe familiar ditar as regras. Sei que você vem procurando melhorar, reconheço seu esforço, mas não é seu comando que deve ser mais agradável, o que sua família precisa é da aniquilação de qualquer controle e de qualquer relação hierárquica, não há amor que perdure em ambientes opressores. Sempre admirei seu espírito duro e inabalável, por isso não perderei meu tempo com consolações enfadonhas, tenho certeza que o senhor se manterá circunspecto, sua postura será importante para minha mãe e para meus irmãos, no entanto, reafirmo, não há culpados, deixo a vida seguro que tive um bom pai, com qualidades e fraquezas; além disso, não posso olvidar em dizer que, dentro da sua própria perspectiva, o senhor tentou fazer o melhor por mim, o agradeço muito por isto, e espero, sinceramente, que viva bem seus últimos anos.

Não dá para me despedir de todos, já começo a me sentir ligeiramente inebriado pelas doses de whisky. Escrever palavras tão verdadeiras é desgastante e enternecedor, sinto-me sufocado, preciso de um tempo, quando estiver mais bêbado volto a este texto.

Tudo que já foi dito e as demais frases sentimentalmente afetadas que ainda serão escritas são muito sinceras, no entanto, minha decisão pelo suicídio só foi possível quando esvaziei meu âmago de todos os ranços e resquícios sentimentais. Este esclarecimento pode parecer incoerente, mas não é, quando escrevo sobre meus entes queridos me reporto à memória, nela ainda há muitas lembranças inefáveis. Ao dizer, contudo, que agora estou liberto das emoções, sejam elas ímpias ou belas, digo apenas que não posso mais amar nem odiar, não que nunca amei ou odiei, estou sensitivamente imune em relação a um futuro incerto, mas no meu passado houve, certamente, pequenas alegrias e arrefecidas tristezas.

Repito, minha decisão está à margem de influência externas; após este meu esvaziamento espiritual comentado acima, percebi que a morte é apenas uma etapa da vida, senti-la de perto não é angustiante; há, na verdade, uma ligeira sensação agradável, semelhante àquela que sentimos quando finalizamos uma tarefa complicada que exigia perícia e atenção; saber quando tudo acaba é de certa forma reconfortante, o ar que respiramos parece mais leve; no fim, o lugar mais escuro, abafado e opressor transforma-se em um imenso e agradável jardim, o canto dos pássaros, que antes irritava, agora são doces canções de alvorada, o sol, outrora insuportável, nos convida a sorrir, e o barulho das construções já não incomodam, são apenas longínquos ruídos, delicados contornos sonoros. Quando já não há mais o peso da vida, tudo parece se desmanchar no ar: as brigas, as discussões, os acidentes, os beijos apaixonantes, o discurso inflamado, as batidas de carro, o roubo, o homicídio, a fome, as lágrimas da garota abandonada, o murmúrio lamurioso dos viciados em crack, a corrupção, a manipulação da mídia, a politicagem desordeira, o passado, o futuro, o ódio dos que se amam e o amor dos que se odeiam; tudo, absolutamente tudo transforma-se em pó, passamos, nestes últimos momentos de existência, a viver sobre gravidade zero, e o tempo não faz mais sentido, um segundo, dez anos ou quinze décadas são medidas ineptas, representam, para os que enxergam a finitude de perto, unidades similares; o prazer não se condiciona mais ao tempo, estamos libertos, alforriados de qualquer sentimento, livres de objetivos lancinantes, e purificados de possíveis insatisfações. Podemos dizer, portanto, que a eternidade não vem com a morte, mas junto aos instantes finais da vida.

Depois dos últimos comentários tudo ficou muito confuso, mas isto era inevitável, pois minha própria condição é incompreendivelmente única. No passado me alegrava com as conquistas e sentia imensa tristeza com os fracassos, no entanto, nos últimos dois anos meus momentos felizes foram sendo progressivamente consumidos, a angústia, pouco a pouco, se apoderou de mim, e a alguns meses atrás esta sensação alcançou níveis intoleráveis; o desespero era tão grande que minha solução para enfrentar esta quimera interior, foi matar, não a besta mitológica, ela era invencível, mas o meu próprio interior. Com o coração vazio parei de sentir, meu âmago, que antes estava congestionado por pérfidos demônios, ficou oco, nada mais me agradava nem me incomodava, a vida perdeu literalmente seu sentido. Apesar de tudo, no momento em que decidi por um fim definitivo em minha existência, quando pensei na morte como uma alternativa viável, meu espírito ressurgiu de forma estranha, ele já não tinha o peso das emoções duais, ele estava depurado, todas as sensações passaram a flutuar feito plumas; é assim que me sinto agora, enquanto escrevo; e quanto mais me aproximo do momento existencial derradeiro, as coisas ficam ainda mais leves e belas, estou próximo de uma overdose de lirismo poético. Não direi que encontrei o ápice da felicidade, pois não posso falar em felicidade quando não há contrastes, este meu estado de estupor inebriante ultrapassa as próprias formas ideais, talvez o que sinto agora nem possa ser classificado como uma emoção sensitiva. É exuberante e indescritível ver, com a proximidade da morte, que a vida é amorfa e insípida, por isso, mesmo se voltasse ao meu estado normal, que recuperasse minha capacidade de processar emoções, não desistiria do suicídio, pois ao me aproximar dele sinto vontade de abraçá-lo. O nada que me aguarda será precedido pelo eterno, antes de expirar alcançarei a plenitude.

Sou muito mentiroso, mas agora atingi o pináculo, minto pra mim mesmo. Plenitude? Talvez a do inferno; tenho vontade de me espancar, esfolar minha cara, arrancar meus fios de cabelo, vomitar minhas tripas, deglutir meus olhos e defecar meus ouvidos. Não sou nada, nunca fui nada; deixo a vida sem ter sido apresentado a ela. Sempre quis ser traído, humilhado, desejei, muitas vezes, a tortura, implorei pela dor física, mas, meus amados amigos, vocês, pútridos e toscos, me ignoraram, fingiram que eu não existia, esqueceram de porrar minha cara porque sempre fui invisível; muitas vezes entrei na frente da trajetória do soco, clamei por um toque qualquer, mesmo que violentamente torpe, no entanto, havia sempre quem avisasse: “tem merda no caminho, tire a mão”. Tudo bem, admito, em toda a minha amarfalhada existência fui excremento; não sirvo para nada, ou melhor, posso ser útil como adubo, por isso, ao menos agora, terei uma atitude sensata, ao me matar serei, como qualquer matéria orgânica, decomposto; minha carne fertilizará algum solo, e isto será minha maior contribuição para o mundo.

No início, queria me despedir de entes amados, mas agora, contemplado pela lucidez alcoólica de uma garrafa esvaziada, quero que todos se explodam, seus miseráveis e imundos. Desejo, do fundo de minhas entranhas, que o mundo acabe, não através de guerras ou catástrofes, mas pela multiplicação do enfado, quero que todos fiquem sozinhos, que rezem por companhia, quero que o amor vire tédio, que a alegria vire tédio, que a tristeza vire tédio, que o sofrimento vire tédio, quero que tudo, absolutamente tudo vire tédio, talvez assim vocês, proxenetas do fastio alheio, sintam o que me fizeram sentir.

Desculpem, preciso me acalmar, esta deveria ser uma despedida serena, mas eu sempre estrago todas as coisas.

Foda-se, pra que deixar uma boa impressão quando a morte acabará com tudo? Querem a verdade, ótimo, irei confessar. Sou fraco, desisto da vida porque tenho medo dela; como já dito, não vou mais mentir: espero, pra quem sentir culpa por minha morte, apenas o sofrimento, e que as possíveis lágrimas queimem suas esquálidas faces; chorem desgraçados, vocês merecem. Finalmente irei influenciar o pensamento de alguém, sei que será por poucos instantes, mas quando meu caixão adentrar ao túmulo, todos que me ignoram agora pensarão em mim com um aperto no peito; ah... como seria lindo presenciar deliciosa cena, ver as faces consternadas, as expressões sombrias, o desespero de alguns e o desazo de outros; meu deus, por quê demorei tanto pra conceber esta genial ideia? Agora entendo a felicidade diante da dor; há enorme magnanimidade quando se interpreta o ambiente sensitivo sobre uma ótica de perversão absoluta. Hoje, sinto-me orgulhosamente vil; acho até que não menti, e que estou com o espírito depurado. Sim, é verdade, mesmo sendo porco, contemplo a plenitude.

Por último, não poderia esquecer dela; como é insuportavelmente linda esta vad... não sou capaz de maldizê-la, mesmo querendo imprecá-la com as invectivas mais promíscuas, a baixeza de meu espírito esmorece diante de suas inefáveis características; ao visualizá-la meu viés pornográfico sucumbe frente à fábula infantil mais inocente. Sua beleza ultrapassa as meras formas físicas, existe nela uma estética transcendental que faz o ser mais ímpio acreditar, por alguns instantes eternos, na aura mística e divina do universo. Agora vejo que, ao deixar a vida, perderei um pedacinho de felicidade angustiante e dolorosa; amar é um pouco isso, uma mistura de alegria e náusea, de lágrimas e sorrisos. É estranho dizer, no entanto direi: uma vez amei, julguei que me amariam, mas não fui amado; não fui amado pela única grande razão – porque não tinha que ser*. Não precisei ser amado, porque não suportaria o amor, sou fraco, muito fraco...

Merda, estou próximo da morte e não recebi um xingamento. Um olhar de desdém já acalentaria minha dor, é sempre melhor ser desprezado do que ignorado. Estou bêbado e em breve estarei morto; faltam menos de dez minutos para eu ingerir as cápsulas, e não consigo dar um ponto final nesta tola carta. Pra que fui citar meu sentimento mais vergonhoso, agora todos vão achar que apelo ao suicídio porque fui amorosamente rejeitado; por favor entendam, o amor apenas adiou minha decisão, se não fosse por ele já estaria enterrado.

Muitos não compreenderão esta mensagem de despedida, errei ao escrevê-la em cima da hora; queria ter elucubrado a verdade, acochambrando uma falsa estória dignificante, mas não há tempo para mudanças, estou convencido, seis horas será o ponto nefrálgico de minha existência, cumprirei o prometido, pois agora estou tranquilo, minha recente exasperação de ânimo foi necessária para exorcizar meus próprios fantasmas.

Adeus vida; vivi enquanto pude, e aguardo, com ansiedade, a morte.

FG

Obs:
Isto que foi escrito é um conto (ou uma tentativa de conto), todos os envolvidos são personagens fictícios, inclusive o narrador.
*Nesta parte o suicida lembra um verso de um poema de Fernando Pessoa, e o transcreve em sua literalidade.   

Comentários

  1. Que susto!! Ainda bem que não li este texto dia 18/10, senão iria querer morrer!!! rsrsrs... Mas já que o autor ainda está postando, quer dizer que era mesmo um conto!! Mas que carga!! Que peso este suicida carrega... e angústia ... e que vazio... E quem é ela? Esse platonismo?? É ela o motivo de tal dor... Essa dor todos conhecem... é a dor da perda, da desilusão, da rejeição de um amor... Todos que já passaram por isso, sabem o que é. Após árduas linhas e melancólicas palavras, no final da carta, enfim, o autor deixa escapar o verdadeiro motivo... A dor é algo tão insuportável, que se prefere estar doente e ter alguma dor física ao ter que sentir essa dor,,, até mesmo, prefere-se a morte,,, por algum momento...

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    Respostas
    1. Desculpe, não foi esta minha intenção. Havia me esquecido que este texto poderia ser lido por qualquer um, mas, por favor, não se atormente, tudo que foi escrito encontra-se no campo da ilusão. É claro que quando inventamos histórias, nossas experiências pessoais, angústias e medos influenciarão no desenvolvimento de nossas ideias.
      Pensando melhor, talvez uma parte de mim tenha morrido no dia 18, mas esta parte você não conhecia e nem gostaria de conhecer.
      A vida nos oferece tantas coisas que é difícil compreender o suicídio, mesmo sobre o inferno absoluto teremos melhores escolhas a fazer, pois sempre haverá imensa disparidade entre o vazio da vida e o vazio da morte, naquela existe esperança, nesta apenas o nada.
      A respeito da donzela mencionada no texto, posso dizer, sem omitir a verdade, que ela é um corolário do viés poético da minha imaginação; lembre-se que no amor tudo é idealizado, nunca amaremos um indivíduo concreto, material, mas apenas a sua representação. Talvez ela exista, já existiu ou ainda existirá, quem sabe?
      Prometo que no futuro darei contornos mais otimistas e alegres aos meus textos.

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  2. O livre arbítrio: se afundar na melancolia e na reclusão ou sonhar, ter esperança, acreditar, ser otimista? Transmitir energia positiva ou ser o mensageiro da má notícia? (Rimou sem querer... rsrsrs). Estamos sempre oscilando, mudando de idéia e mudando a rota, então, se antes você estava na tempestade, agora é hora da bonança!!!

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  3. Os sentimentos e desejos de suicídio, decorrentes da depressão e desânimo de viver são fruto da falta de JESUS CRISTO na vida de muitas pessoas, pois ele é o caminho, a verdade e a vida, e só encontra o verdadeiro sentido dela quem entrega sua vida a ele. Portanto, quem ceifa voluntariamente a sua vida, já está condenado ao inferno, pois morrerá sem salvação em Cristo. Portanto, se voce quer encontrar resposta para os seus porques, leia a Bíblia e através da riqueza de seus ensinamentos, Deus falará contigo, abrirá tua visão espiritual, colocará motivação de viver, um novo cantico nos seus labios, mudará a tua personalidade, dará sentido a tua vida e garantirá a sua salvação. Estou falando pois era um alcolatra que fui alcançado pela graça redentora do Mestre do Amor, Ressureição e Vida: JESUS CRISTO. Aceite a ele hoje mesmo e verás tudo mudar em sua vida!

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