Nunca pensei que seria adepto aos e-books, tampouco imaginava que abandonaria os livros de papel para me dedicar à leitura em dispositivos digitais; no entanto semanas atrás adquiri o e-reader da saraiva (Lev) e me apaixonei por este novo meio de leitura. Encontrei, gratuitamente, uma série de livros digitais e, com isso, minha antiga ânsia de leitura foi renovada. Em pouquíssimo tempo já li oito obras e caminho, a passos largos, para finalizar a nona. Aproveitarei este espaço para tecer breves comentários sobre minhas leituras e organizar as vindouras. Não abandonei o papel, mas, ao menos por enquanto, não pretendo voltar tão cedo ao tradicional; meu deleite literário galopa em sintonia à modernidade.
01. A Invenção de Morel (Adolfo Bioy Casares) NOTA: 9,0
Sempre quis ler esta obra do argentino Adolfo Bioy Casares, mas, ora por motivos financeiros ora por desânimo em vasculhar em sebos e biblioteca algum exemplar da novela, adiei a leitura. Quando adquiri o Lev e encontrei, sem custas, a preciosidade da literatura hermana em sites especializados, não hesitei em iniciar a leitura. Depois de tanta espera, não me decepcionei. O livro é bem escrito, possui uma narrativa requintada e transborda em originalidade. Conta a história de um fugitivo da justiça que se exila em uma ilha abandonada repleta de segredos. Mesclando realismo fantástico e ficção científica, Casares escreve uma aventura perfeita, cheia de peculiaridades e sugestões filosóficas profundas. A leitura é obrigatória a qualquer amante de boa literatura.
02. Amuleto (Roberto Bolaño) NOTA: 7,0
Bolaño sempre esteve na minha lista de autores modernos que precisava ler. Meio por acaso decidi dar uma chance ao chileno escolhendo aleatoriamente um de seus livros menos conhecidos. Apesar disso, "Amuleto" é ótimo, possui o vigor e o charme da boa literatura latino-americana. A história se passa na cidade do México e, através dos olhos e impressões de uma uruguaia apaixonada pelos poetas, pelos bares, pela vida boêmia e pela poesia, narra o zênite e os descalabros das letras hispano-americanas.
03. O Lobo da Estepe (Hermann Hesse) NOTA: 9,0
Este não se tratou de uma leitura, reli a obra depois de menos de dois meses. Confesso que me identifiquei com o caráter sorumbático da personagem título. O niilista, melancólico e erudito Harry Haller é inesquecível e simboliza o arquétipo comportamental que imperou no período entre guerras. Quarta obra de Hesse que tive o prazer de ler e não exageraria se dissesse que o alemão já se encontra entre meus prediletos.
04. Lavoura Arcaica (Raduan Nassar) NOTA: 9,5
Pela nota já dá pra perceber o quanto esta obra desestabilizou, no melhor sentido do termo, meu ânimo. Absurdamente bem escrito, o romance é um deleite aos olhos; linguisticamente perfeito, fulcral, sublime, irretocável, foda, muito foda. É basicamente um lindo poema escrito em prosa; possui metáforas perfeitas e analisa com substancialidade o âmago das personagens que desfilam pela história. Uma pena que este seja o único romance do escritor paulista que, como adendo, também nos presenteou com a ótima novela "Um Copo de Cólera".
05. Breve Romance de Sonho (Arthur Schnitzer) NOTA: 6,5
Bom livro do escritor austríaco que deu origem ao filme "De Olhos Bem Fechados" de Stanley Kubrick. Apesar de suas qualidades literárias (a narrativa é simples, bem estruturada e fluida) o filme é bem melhor.
06. Trilogia 1Q84 (Haruki Murakami) NOTA: 5,0
Não é de todo ruim, mas a história de amor entre as personagens principais, Aomame e Tengo, não convence, a narrativa é lenta, arrastada e a miscelânea de situações fantásticas que envolvem seres estranhos, duas luas e universos paralelos não é esclarecida. De ponto positivo, destacaria a habilidade de Murakami em envolver seus leitores na história; por mais incomodados que fiquemos com o desenrolar dos fatos, o japonês sempre dá um jeito de nos instigar na descoberta dos novos, e às vezes enfadonhos, acontecimentos. Resumindo, o livro não é bom, mas quem se aventurar na leitura dificilmente irá desistir antes do fim. Dos três, gostei mais do primeiro.
Agora estou lendo "Os Demônios" do Dostoiévski; o último dos cinco grandes romances do escritor que ainda não tinha lido. A seguir vou enumerar futuras leituras.
- Pedro Páramo (Juan Rulfo)
- Noturno do Chile (Roberto Bolaño)
- Os Detetives Selvagens (Roberto Bolaño)
- A Viagem Vertical (Enrique Vila-Matas)
- A Neblina do Passado (Leonardo Padura)
- Bobok (Fiódor Dostoiévski)
- Humilhados e Ofendidos (Fiódor Dostoiévski)
- Pais e Filhos (Ivan Turgueniev)
- Felicidade Conjugal (Liev Tólstoi)
- Sonata a Kreutzer (Liev Tósltoi)
- Ressurreição (Liev Tólstoi)
- A Condição Humana (André Malraux)
- O Amante (Marguerite Duras)
- O Mapa e o Território (Michel Houellebecq)
- Remissão da Pena (Patrick Modiano)
- Angústia (Graciliano Ramos)
- Meridiano de Sangue (Cormac McCarthy)
- O Complexo Portnoy (Philip Roth)
- Enquanto Agonizo (William Faulkner)
- Debaixo das Rodas (Hermann Hesse)
- O Imitador de Vozes (Thomas Bernhard)
- O Cisne Negro (Thomas Mann)
- Tonio Kröger (Thomas Mann)
- As Colinas de Nagasaki (Kazuo Ishiguro)
- A Casa das Belas Adormecidas (Yasunari Kawabata)
- Chá e Amor (Yasunari Kawabata)
- Beleza e Tristeza (Yasunari Kawabata)
FG
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