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Melhores Filmes da Década de 00 - Retratação


É preciso estar triste pra escrever, ou, no mínimo, ter alguma motivação. Esta, ao conjugar sensações em raciocínio, nos tenciona a fantasiar uma realidade que nunca se materializa em sonho. Sonhar é um estágio profundo e interior do sentir, só sonhamos com aquilo que modifica nossa maneira de nos relacionar com o mundo; a fantasia, herdeira do pensamento, ao revés, aglutina certezas em volta de ideias abstratas privadas de significado. Não! Por favor, acreditem; não perdi a razão, tampouco lucubro falsas verdades para confundir possíveis leitores. As bobagens deglutidas neste papel eletrônico são nebulosas, porque não consigo me desvincular dos meus sentidos; sou prisioneiro da sensibilidade, e, por mais que eu insista em afirmar o contrário, meus olhos, ouvidos, paladar, olfato, e minha pele são ignóbeis ditadores, alheios a justiça e carentes de bondade; diante deles meus pensamentos, raciocínios, não ultrapassam a condição enxovalhada e miserável dos andarilhos. Vivo para e pelos sentimentos, todo o resto é apenas resto. Aos poucos venho aprendendo que um olhar é mais importante do que mil páginas de estudo, que um verso tem maior densidade do que trinta enciclopédias, e que uma canção humilha, em delicadeza e qualidade, toda a produção tecnológica humana; por estes dias também descobri que uma cena pode superar vinte quatro documentários, que um bom romancista é incomparável e que amar é a demonstração mais radical da inteligência.

Olhares... eles me ensinaram muito; o castanho, o verde, o azul, e o verde novamente, formaram uma bela sequência de grandes professores. Aprendi com os melhores, no entanto conhecimento nunca é suficiente, quero mais, mais e mais.

Chega de devaneios, estou parado entre a fantasia e o sonho e nem tenho forças para esboçar qualquer movimento. Aliás, já que toquei no assunto, quero pedir desculpas àqueles que por ventura acompanham ou acompanhavam as postagens deste blog. Mês passado assumi o compromisso de diariamente publicar pequenas partes de uma infindável lista, mas, antes mesmo de chegar à metade, abandonei minha tarefa, tinha outros compromissos, novas esperanças, motivações. Todas elas me afastaram do meu envólucro interior, tentei mudar meu cotidiano por caminhos tortuosos, ousei transformar, em consequência de uma falsa necessidade de adaptação, meu dia dia. Fui burro, esqueci que a fantasia, produto menor da racionalidade, não muda nada. Hoje, confesso, tento, desejando a velha forma reestruturada em contemporâneo conteúdo, readquirir “antigos novos” sonhos. 

Quais serão eles?




Estou exausto, nunca pensei que criar um precário vídeo daria tanto trabalho. Este foi a primeira e a última montagem que realizo no chatíssimo Windows Movie Marker, nem acredito que perdi tanto tempo com esta porcaria.

Obs: o comentário de abertura foi em homenagem ao melhor filme da década passada.  

FG  

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