É preciso estar triste
pra escrever, ou, no mínimo, ter alguma motivação. Esta, ao
conjugar sensações em raciocínio, nos tenciona a fantasiar uma
realidade que nunca se materializa em sonho. Sonhar é um estágio
profundo e interior do sentir, só sonhamos com aquilo que modifica
nossa maneira de nos relacionar com o mundo; a fantasia, herdeira do
pensamento, ao revés, aglutina certezas em volta de ideias abstratas
privadas de significado. Não! Por favor, acreditem; não perdi a
razão, tampouco lucubro falsas verdades para confundir possíveis
leitores. As bobagens deglutidas neste papel eletrônico são
nebulosas, porque não consigo me desvincular dos meus sentidos; sou
prisioneiro da sensibilidade, e, por mais que eu insista em afirmar o
contrário, meus olhos, ouvidos, paladar, olfato, e minha pele são
ignóbeis ditadores, alheios a justiça e carentes de bondade; diante
deles meus pensamentos, raciocínios, não ultrapassam a condição
enxovalhada e miserável dos andarilhos. Vivo para e pelos
sentimentos, todo o resto é apenas resto. Aos poucos venho
aprendendo que um olhar é mais importante do que mil páginas de
estudo, que um verso tem maior densidade do que trinta enciclopédias,
e que uma canção humilha, em delicadeza e qualidade, toda a produção
tecnológica humana; por estes dias também descobri que uma cena
pode superar vinte quatro documentários, que um bom romancista é
incomparável e que amar é a demonstração mais radical da
inteligência.
Olhares... eles me
ensinaram muito; o castanho, o verde, o azul, e o verde novamente,
formaram uma bela sequência de grandes professores. Aprendi com os
melhores, no entanto conhecimento nunca é suficiente, quero mais,
mais e mais.
Chega de devaneios, estou
parado entre a fantasia e o sonho e nem tenho forças para esboçar
qualquer movimento. Aliás, já que toquei no assunto, quero pedir
desculpas àqueles que por ventura acompanham ou acompanhavam as
postagens deste blog. Mês passado assumi o compromisso de
diariamente publicar pequenas partes de uma infindável lista, mas,
antes mesmo de chegar à metade, abandonei minha tarefa, tinha outros
compromissos, novas esperanças, motivações. Todas elas me
afastaram do meu envólucro interior, tentei mudar meu cotidiano por
caminhos tortuosos, ousei transformar, em consequência de uma falsa necessidade de adaptação, meu dia dia. Fui burro, esqueci que
a fantasia, produto menor da racionalidade, não muda nada. Hoje,
confesso, tento, desejando a velha forma reestruturada em
contemporâneo conteúdo, readquirir “antigos novos” sonhos.
Quais serão eles?
Estou exausto, nunca pensei que criar
um precário vídeo daria tanto trabalho. Este foi a primeira e a última montagem que realizo no chatíssimo Windows Movie Marker,
nem acredito que perdi tanto tempo com esta porcaria.
Obs: o comentário de abertura foi em homenagem ao melhor filme da década passada.
FG
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