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Lord Byron




Lines Inscribed upon a Cup formed from a Skull

Start not--nor deem my spirit fled:
In me behold the only skull,
From which, unlike a living head,
Whatever flows is never dull.

I lived, I loved, I quaff'd, like thee:
I died: let earth my bones resign;
Fill up--thou canst not injure me;
The worm hath fouler lips than thine.

Better to hold the sparkling grape,
Than nurse the earth-worm's slimy brood;
And circle in the goblet's shape
The drink of Gods, than reptile's food.

Where once my wit, perchance, hath shone,
In aid of others' let me shine;
And when, alas! our brains are gone,
What nobler substitute than wine?

Quaff while thou canst: another race,
When thou and thine, like me, are sped,
May rescue thee from earth's embrace,
And rhyme and revel with the dead.

Why not? since through life's little day
Our heads such sad effects produce;
Redeem'd from worms and wasting clay,
This chance is theirs, to be of use.



Versos Inscritos numa Taça Feita de um Crânio

Não, não te assustes: não fugiu o meu espírito
Vê em mim um crânio, o único que existe
Do qual, muito ao contrário de uma fronte viva,
Tudo aquilo que flui jamais é triste.

Vivi, amei, bebi, tal como tu; morri;
Que renuncie a terra aos ossos meus
Enche! Não podes injuriar-me; tem o verme
Lábios mais repugnantes do que os teus.

Antes do que nutrir a geração dos vermes,
Melhor conter a uva espumejante;
Melhor é como taça distribuir o néctar
Dos deuses, que a ração da larva rastejante.

Onde outrora brilhou, talvez, minha razão,
Para ajudar os outros brilhe agora eu;
Substituto haverá mais nobre que o vinho
Se o nosso cérebro já se perdeu?

Bebe enquanto puderes; quando tu e os teus
Já tiverdes partido, uma outra gente
Possa te redimir da terra que abraçar-te,
E festeje com o morto e a própria rima tente.

E por que não? Se as frontes geram tal tristeza
Através da existência –curto dia–,
Redimidas dos vermes e da argila
Ao menos possam ter alguma serventia.

(tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos)

Poema retirado do livro Poemas de Byron da editora Hedra.

Obs: este poema tem tudo a ver com este momento, um crânio desejando ser usado como uma taça de vinho; amanhã quando estiver sóbrio escreverei um pequeno comentário sobre Lord Byron o carpe diem e coisas afins, o blog não pode morrer.

Comentários

  1. Seu blog é interessante demais pra nao ter visibilidade..Me falaram que era muito louco tive que vir conferir...Ps: estou lendo a insustentavel leveza do ser e achando incrivel..alguma outra dica? A julgar pelo post do radio-head vc deve ouvir smiths ,tem a cara melancolica da maioria dos textos por aqui...haha nao pare de escrever!escrever é um impulso vital pra muita gente ,como eu... enfim..parabens continue com o blog =)

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    1. Obrigado, fico muito feliz com este tipo de elogio. A "Insustentável Leveza do Ser" é um dos meus livros favoritos, adoro Milan Kundera e te aconselho outra obra do autor, a "Imortalidade" que é igualmente fantástica.
      Gosto dos "Smiths", a voz excêntrica e melancólica do vocalista me agrada bastante; tem um filme, inclusive, bem legalzinho que traz várias músicas da banda na trilha sonora: "500 dias com ela", se você não assistiu e é fã dos "Smiths" indico.
      Muito obrigado novamente, estes incentivos são capazes de me motivar, não irei interromper o blog, a qualquer dia um novo texto pode nascer. E quem é você anônimo? Eu o(a) conheço? Volte sempre, e sinta-se a vontade para comentar, seja se identificando ou não. Abraço.

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  2. Ola novamente..Me senti na obrigaçao de voltar apos terminar o livro A insustentavel Leveza do Ser, realmente fantastico,embora nem todos consigam entender a profundidade do livro,ele me fez enxergar e ampliar todo tipo de questionamento existencial haha e isso esta ficando fora de controle..."O sorriso de Karenin" fez ,pelo menos por mim,em um capitulo,o que nenhum outro livro conseguiu...Mas o livro me deixou com uma duvida,que a wikipedia nao sanou e julgo que voce seja capaz de elucidar...O que afinal é o kitsch?Sera que somos parte dele?Uma nova geraçao de jovens velhos?E por sermos kitsch somos portanto a mesma massa da qual tentamos fugir...?
    A proposito ,ja assisti 500 dias com ela sim ,filminho adoravel!E procurei por "A imortalidade" na biblioteca e nao achei..Mas achei outro do Milan Kundera..Optei por uma biografia do Freud dessa vez mas da proxima,lerei o do Milan e voltarei aqui para lhe dar opnioes..haha PS: Sobre o texto sobre perdas q voce escreveu em outro post,gostei muito e achei que se encaixa bem nesse ultimo capitulo sobre a morte de Karenin,releia quando puder!
    Obrigada por ler e responder,tenha uma boa semana (:
    AH, PS2: eu nao te conheço ,mas me falaram 'ei,conheço um blog que é a sua cara,vc iria adorar' e bom ,foi dito e feito haha !

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    1. Obrigado pelo novo comentário, é sempre bom receber a opinião dos outros. Já faz alguns anos que li a "Insustentável Leveza do Ser" (talvez uns 3 ou 4), na época foi uma grande experiência, mas os anos se passaram e minha memória, aos poucos, foi cedendo espaço para outras obras; hoje me recordo apenas superficialmente do enredo e das fantásticas reflexões filosóficas e existenciais presentes no livro. Morro de vontade em relê-lo, inclusive farei isto em breve. Como você tem sido delicada (neste novo comentário foi possível identificar seu sexo; usou a palavra "obrigada") lendo meus texto e opinando, irei me esforçar para, após a releitura do clássico de Kundera, escrever algo sobre o livro. A respeito do kitsch não saberia te explicar algo mais substancial do que o conteúdo disponibilizado na Wikipédia; o termo também me causou dúvidas enquanto lia o romance. A teatralização de sensações falsas, talvez seja o significado que melhor se adéqua à obra; muitos vivem dessa forma, principalmente a nossa geração (e aqui não posso me excluir dela), manipular situações, acochambrando uma falsa perspectiva do belo vem se tornando característica peculiar dos nossos novos tempos. Pensando melhor, todo o pensamento, inevitavelmente, poderá se enquadrar dentro do kitsch; esta reposta, por exemplo, não seria uma genuína manifestação do termo? Não nos contentamos com a simplicidade, queremos o exagero cômodo que não exige reflexão.
      Uma biografia do Freud certamente é uma ótima escolha de leitura. Ah, e comente quando quiser, ficarei muito feliz e agradecido. Um grande abraço.

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  3. Vou parar os comentarios por aqui,se nao essa conversa nao vai ter fim haha Sempre bom ter alguém pra discutir filmes,livros(ideias principalmente)acho que essa é a melhor parte de apreciar uma boa obra artistica,compartilhando e dividindo as impressoes pessoais de cada um.Dei uma olhada na sua lista de filmes inclusive,otima..Godard,Carlos Saura,Felini..So diretores fantasticos e so filmes pra quem realmente aprecia cinema classico dos bons!Amadeus e alguns do Polanski e Bergman também estao entre os meus favoritos..Senti falta de algo do Hitchcock,mas me parece que nao faz muito seu estilo...Ah provavelmente voce ja conhece,mas acho Asleep a melhor deles(ainda que eu nao conheça todos os albuns a fundo...)Nao faço ideia do que voce curte nacional,mas de uma olhada em Apanhador So,Marcelo Jeneci...cantores que estao compondo a cena da nova mpb no brasil -embora eu nao dispense os bons e velhos..é isso,vou indo embora ,mas sempre voltarei pra pedir opnioes e compartilhar ideias por aqui!Seu blog é adoravel,me indique bons livros de filosofia ( e psicanalise no caso de conhecer um dos bons)...Obrigada pela atençao e bom final de semana pra vc rapaz (:

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    1. Eu que agradeço seus comentários; sobre os filmes eu adoro Hitchcock, ele não entrou na lista por pouco, amo Psicose, Janela Indiscreta, Os Pássaros, Um Corpo que Cai, A Sombra de Uma Dúvida, Festim Diabólico entre outros. Também gosto de Asleep, mas pra dizer a verdade não resisto ao refrão de There Is a Light That Never Goes Out: "To die by your side; Such a heavenly way to die", é viciante e de uma simplicidade encantadora. Não conheço Apanhador Só e Marcelo Jeneci, procurarei ouvir no youtube e depois te informo o que achei.
      Livros de psicanálise ainda não tive o prazer de ler, não sou da área e é impossível ler todas as obras interessantes, conheço um pouco de Lacan (através de revistas e livrinhos introdutórios), o cara é foda, portanto aconselho.
      Novamente obrigado e continue comentando, responderei com a mais sincera felicidade; um grande abraço.

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  4. Olha quem voltei hahaha O mundo moderno é mesmo uma loucura(mas é essa modernidade que nos possibilita entrar em contato com outros loucos(?)como nós...
    Está cada vez mais difícil encontrar pessoas com quem conversar sobre coisas realmente significativas como filosofia e arte...Vim para indicar um bom livro,útil no entendimento das relações interpessoais e agradabilissimo pra que curte mitologia greco-romana... Na verdade são dois livros : A chave para o entendimento da psicologia Feminina (o livro se chama She) e masculina (He)...Narra e explica o mito de Amor e Psichê dois deuses da mitologia.... A banda que vou lhe indicar hoje é Iron and Wine,ouça e me diga se não é transcedental o som desse cara haha Boa semana pra ti rapaz,breve volta pra comentar um livro novo do Kundera que peguei na biblioteca...me indique boas coisas também =)

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    1. Me desculpe, não tinha visto este comentário; gostaria de ter respondido antes. Hoje por acaso decidi visitar, depois de algumas semanas, meu blog; pra minha surpresa encontrei este comentário de séculos atrás. Espero que algum dia você visualize esta resposta; sei que o blog está entregue às moscas, no entanto pretendo voltar a escrever, desejo, neste reinício, contar com seu apoio.
      Sobre seu comentário você tem razão, está cada vez mais difícil encontrar pessoas interessantes, disponíveis para conversas não convencionais, neste nosso mundinho insosso. Não conheço os livros que você indicou, tampouco a banda "Iron and Wine", mas ambos parecem interessantes; aliás estou ouvindo, e gostando, do som deste barbudão estranhíssimo; vou procurar escutar mais nos próximos dias. Obrigado pela visita e não se esqueça de comentar sobre o livro do Kundera, depois de tanto tempo você já deve ter terminado a leitura.
      Não sei o que posso lhe indicar, ultimamente ando encantado com as composições de piano do Schumann. A música "Mondnacht" é encantadora. Uma boa dica de leitura são os livros de Ian McEwan, li um romance dele recentemente e gostei bastante, vale a pena. No mais é isto, desculpe mais uma vez e volte quando quiser. Abraço.

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