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Mostrando postagens de setembro, 2016

Thérèse Raquin - Émile Zola

Thérèse Raquin foi o primeiro romance publicado pelo naturalista francês Émile Zola no ano de 1867. Narra a estória da personagem título e seu drama afetivo envolvendo o marido, Camille, e o amante, Laurent. Zola tentou escrever uma pútrida trama de amor em que este nobre sentimento romântico fosse analisado com um olhar minucioso e científico. Não à toa pontua, no prefácio escrito em resposta aos críticos, o seguinte esclarecimento: "Thérèse e Laurent são animais humanos, nada mais. Procurei acompanhar nestes animais o trabalho surdo das paixões, as violências do instinto, os desequilíbrios cerebrais ocorridos na sequência de uma crise nervosa. Os amores dos meus dois herois são a satisfação de uma necessidade; o crime que cometem é uma consequência do adultério, consequência que aceitam como os lobos aceitam o assassinato dos cordeiros; enfim, o que eu me vi obrigado a chamar de remorso consiste numa simples desordem orgânica, numa rebelião do sistema nervoso tenso a

Pier Paolo Pasolini

A raiva (...) Por que não reajo, por que não tremo de alegria ou gozo de pura angústia? Por que não sei reconhecer este antigo nó de minha existência? Eu sei: porque em mim já se fechou o demônio da raiva. Um surdo, fosco, minúsculo sentimento que me envenena; esgotamento, dizem, febril impaciência dos nervos: mas já não se liberta a consciência. A dor que pouco a pouco de mim me aliena,  se me abandono apenas,  desprende-se de mim, rodopia independente,  pulsa desgovernada em minhas têmporas, me enche o coração de pus, e já não sou mais dono de meu tempo... Nada, antes, poderia me vencer. Eu me encerrara em minha vida como no ventre materno, neste ardente cheiro de rosa humilde e molhada. Mas lutava por sair, lá na província campestre, poeta aos vinte, sempre,  sempre a sofrer desesperadamente, desesperadamente a exultar... A luta acabou em vitória. Minha existência privada já não se encerra entre as pétalas duma rosa