Sou um sujeito ciumento. Tenho ciúmes de homens, mulheres, jovens, maduros, experientes, idosos; tenho ciúmes de olhares, sussurros, gestos, sorrisos; tenho ciúmes da palavra, linguagem, da poesia; tenho ciúmes do vento, da brisa, do ar abafado, do ambiente claro, escuro, sombrio; tenho ciúmes do belo, da fealdade, do desprezo, escárnio, elogio; tenho ciúmes do eterno, mutável, do instante, do temperamento constante, do tumulto, do torvelinho; tenho ciúmes de pensamentos, desenhos, músicas, baralhos, de amigos; tenho ciúmes do cheiro, do sexo, pelos, cabelos, ombros e ouvidos; tenho ciúmes de batimentos cardíacos, da digestão, respiração, do esôfago, estômago, intestinos; tenho ciúmes do cotidiano, das tarefas, do trabalho e do esforço empreendido; tenho ciúmes da felicidade, da concentração, do sofrimento e do fastio; tenho ciúmes do tic tac do relógio, do nascer do sol, do cantarolar dos passarinhos; tenho ciúmes do barulho do celular, das sobrancelhas que se levantam, da posi...